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A tempestade
segundo Willian Shakespeare e Aimé Césaire
Nomes dos Delegados à Conferência ALONSO diretor de uma fundação americana filantrópica para o estilo na arte SEBASTIAN editor de uma revista sobre arte africana contemporânea PROSPERO diretor bem assimilado de uma galeria nacional, em um país africano não identificado ANTONIO irmão de Prospero, curador independente, conhecido por atribuir indevidamente a si mesmo todas as teorias sobre a África FERDINAND um curador estagiário GONZALO um velho essencialista, pomposo, mas honesto ADRIAN e FRANCISCO colecionadores CALIBAN um modernista africano selvagem, mas em forma TRINCULO o editor da Flash Art STEPHANO um crítico marxista bêbado o capitão do navio negreiro um funcionário do setor de educação do museu um habitante local marinheiros/equipe de assistentes do museu MIRANDA filha de Prospero, aluna de Robert Hewison ARIEL um escritor-filósofo, aprisionado no corpo de um engenheiro A SOMBRA DE LÉOPOLD SÉNGHOR o fantasma de oswald de andrade o fantasma de roland barthes o fantasma de picasso o fantasma de andré malraux o fantasma de frantz fanon oxum orixás do candomblé garçons de bar cafetões e prostitutas
Cenário: Dacar, Senegal. Um navio negreiro ancorado, metade submerso, ao largo da Ilha de Gorée. Não fica muito claro se é uma peça de museu ou um navio que ainda funciona.
Prólogo Deve ser cantado ao som de No woman no cry, de Bob Marley1. o capitão do navio negreiro: Com o passar do tempo, o fato de Caliban ter recuperado sua ilha provou ser um triunfo em termos, já que a autonomia de sua nação emergente ficou muito mais comprometida do que havia sido imaginado por uma geração de nacionalistas mais otimistas—tanto políticos quanto escritores—que presenciaram a chegada da independência. Os terceiro-mundistas têm achado difícil extrair da peça analogias com essas novas circunstâncias, nas quais Prospero, tendo renunciado oficialmente à sua autoridade sobre a ilha, continua, com tanta freqüência, a manobrá-la à distância. A pertinência em declínio da peça em relação à África contemporânea e ao Caribe tem sido exacerbada pela dificuldade de se arrancar dela qualquer papel para a rebeldia ou a liderança da mulher, num período em que o protesto, cada vez mais, vem daquelas bandas2. 1. Bob Marley, V. Ford, No woman no cry, Bob Marley and the Wailers, Live, Island Records, 197$not5$.
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