Ahmed Makki Kante
Candice Breitz
Fernando Alvim
Georges Adéagbo
Joseph Kpobly e Thomas Mulcaire
Malick Sidibe
Moshekwa Langa
Seydou Keita
Soly Cissé
Touhami Ennadre
William Kentridge
 



A tempestade

 



segundo Willian Shakespeare e Aimé Césaire

 

Nomes dos Delegados à Conferência

ALONSO diretor de uma fundação americana filantrópica para o estilo na arte

SEBASTIAN editor de uma revista sobre arte africana contemporânea

PROSPERO diretor bem assimilado de uma galeria nacional, em um país

africano não identificado

ANTONIO irmão de Prospero, curador independente, conhecido por atribuir indevidamente a si mesmo todas as teorias sobre a África

FERDINAND um curador estagiário

GONZALO um velho essencialista, pomposo, mas honesto

ADRIAN e FRANCISCO colecionadores

CALIBAN um modernista africano selvagem, mas em forma

TRINCULO o editor da Flash Art

STEPHANO um crítico marxista bêbado

o capitão do navio negreiro

um funcionário do setor de educação do museu

um habitante local

marinheiros/equipe de assistentes do museu

MIRANDA filha de Prospero, aluna de Robert Hewison

ARIEL um escritor-filósofo, aprisionado no corpo de um engenheiro

A SOMBRA DE LÉOPOLD SÉNGHOR

o fantasma de oswald de andrade

o fantasma de roland barthes

o fantasma de picasso

o fantasma de andré malraux

o fantasma de frantz fanon

oxum

orixás do candomblé

garçons de bar

cafetões e prostitutas

 

Cenário: Dacar, Senegal. Um navio negreiro ancorado, metade submerso, ao largo da Ilha de Gorée. Não fica muito claro se é uma peça de museu ou um navio que ainda funciona.

 

Prólogo

Deve ser cantado ao som de No woman no cry, de Bob Marley1.

o capitão do navio negreiro: Com o passar do tempo, o fato de Caliban ter recuperado sua ilha provou ser um triunfo em termos, já que a autonomia de sua nação emergente ficou muito mais comprometida do que havia sido imaginado por uma geração de nacionalistas mais otimistas—tanto políticos quanto escritores—que presenciaram a chegada da independência. Os terceiro-mundistas têm achado difícil extrair da peça analogias com essas novas circunstâncias, nas quais Prospero, tendo renunciado oficialmente à sua autoridade sobre a ilha, continua, com tanta freqüência, a manobrá-la à distância. A pertinência em declínio da peça em relação à África contemporânea e ao Caribe tem sido exacerbada pela dificuldade de se arrancar dela qualquer papel para a rebeldia ou a liderança da mulher, num período em que o protesto, cada vez mais, vem daquelas bandas2.






1. Bob Marley, V. Ford, No woman no cry, Bob Marley and the Wailers, Live, Island Records, 197$not5$.


2.Rob Nixon, "Caribbean and african appropriations of The Tempest", Critical Inquiry, vol. 13, n.3, (primavera de 1987), p.57.