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Esko Männikkö
e a linguagem fotográfica

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Esko Männikkö
Oulu, Finlândia, 1959






"São Paulo (Denise, Maria, MAria, Renata, Pedro, Karine, Marco, José)"
1998 - panorama fotográfico-
duas das fotos da obra
composta por 8 fotografias

O quê?

As características da linguagem fotográfica;
os aspectos estéticos, artísticos e contextuais da obra fotográfica de Esko Männikkö;
a análise comparativa das obras fotográficas do europeu Esko Männikkö e do africano Seydou Keita.


Por quê?

A fotografia pode ser explorada com grande proveito nas aulas de Artes, possibilitando a compreensão de sua linguagem, de sua função e das diferentes possibilidades de representação. Consideramos que a obra de Esko Männikkö, fotógrafo finlandês (Europa), pode ser deflagradora de um estudo sobre a linguagem fotográfica.
Para enriquecer a reflexão e contemplar as várias possibilidades de representação, propomos o confronto com a obra de Seydou Keita, fotógrafo de Mali (África), ratificando a XXIV Bienal como um "banquete cultural" que estimula a diversidade cultural e a consciência transcultural.


Para quê?

Para permitir ao aluno:
apreciar esteticamente a obra de Esko Männikkö;
apontar as principais características da linguagem fotográfica;
identificar a história da fotografia e sua importância na História da Arte;
distinguir e estabelecer relações entre a fotografia e a pintura;
comparar estética e criticamente as fotografias de Esko Männikkö, artista europeu, com a obra de Seydou Keita, artista africano;
produzir trabalhos artísticos, tendo como referência a reflexão desencadeada a partir dos princípios estéticos da obra de Esko Männikkö e de Seydou Keita.

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Como? (Quando? Onde?)

Apreciando a obra fotográfica de Esko Männikkö

Os alunos poderão, com o auxílio do professor, ativar a curiosidade e o desejo de compreensão, percebendo algumas questões: quais são as linhas que definem a imagem? Em que posição se encontram? Há predominância de linhas geométricas ou orgânicas? As imagens sugerem texturas? Há formas repetidas? Quais são as cores principais? São cores quentes ou cores frias? Como é a interação das cores? Elas contrastam ou se misturam? Há várias tonalidades numa única cor? Como é tratado o fundo da obra? Que elementos são utilizados no fundo da obra? Há alguma relação entre a figura e o fundo da obra? Como se organizam os diversos elementos na composição geral da imagem? Eles estão centralizados ou deslocados do centro? Há simetria ou assimetria em sua distribuição? De acordo com os vários elementos que compõem a imagem, onde se tem a impressão de maior peso? E de leveza? Por quê? Como estão posicionadas as figuras humanas? Há alguns sentimentos expressos nos rostos das figuras? Qual é o tema das imagens observadas? Quem são as pessoas representadas? Como estão vestidas? Qual a classe social a que pertencem? Que elementos levam você a identificar a posição social? Quais seus sentimentos e suas idéias em relação à obra? Quais são as características principais do trabalho de Esko Männikkö? Em algum aspecto, Männikkö se aproxima de outro artista que você conhece? Há alguma semelhança entre suas fotografias e as de algum outro fotógrafo? Estas fotos trazem alguma lembrança ou experiência particular? Qual? Por quê? É possível associá-la a outras imagens, outros fatos, conceitos, letras de música, memória familiar? Por quê? O que diferencia as fotografias de Esko Männikkö da forma convencional de fotografar? Em sua opinião, o que faz com que suas fotos sejam consideradas arte?
Lembramos que o principal papel do professor nesta discussão é o de mediar a conversa entre os alunos, estimulando-os a posicionarem-se diante da obra de Männikkö. É importante lembrar que a obra de arte tem leitura aberta e que cada forma de olhar tem sua validade, quando se justifica a partir da imagem, não existindo, portanto, acerto ou erro.

 

1. As fotografias de Esko Männikkö
Os artistas europeus presentes na XXIV Bienal, de algum modo, rejeitam a tradiçâo da "grande pintura" e aliam, de forma estëtica e artìstica, o local com global. Sâo obras que oferecem possibilidades de reflexâo a partir de um olhar inusitado para a realidade. Esko Männikk•, integrante da mostra dos artistas europeus, mostrarž, em Sâo Paulo, uma sërie de panoramas que registram imagens de diversas partes do mundo, medindo de 2 a 5 metros cada, suspensos a partir do teto. Incluem fotos feitas na Finléndia, no Texas, na Alemanha e no Brasil. Os panoramas apresentam similaridades e proximidades, a despeito das disténcias geogržficas e diferenças culturais que os envolvem. Cada um de seus panoramas, formado de seis a oito fotos, ë pendurado em uma formaçâo representando o todo da paisagem como se fosse visto por alguëm que estivesse no centro de um cìrculo. O conjunto de obras faz o observador estabelecer uma anžlise comparativa, promovendo sua integraçâo ao trabalho.

 
Conhecendo a linguagem fotográfica

A análise apreciativa das fotos de Esko Männikkö pode ser desencadeadora de uma reflexão sobre a linguagem fotográfica. Para introduzir o assunto, reflita com os alunos sobre algumas questões: o que é o ato fotográfico? É possível realizar o ato fotográfico sem o meio técnico? Qual a relação entre a fotografia e o tempo? É possível a reprodução técnica da imagem fotográfica? A capacidade de reprodução técnica tem alguma implicação política, social, cultural e estética? A fotografia apenas representa a realidade, sem criá-la? É possível criar com a fotografia? É possível distorcer a realidade a partir da fotografia? A fotografia possibilita mostrar a realidade como jamais havia sido vista antes? O que é uma fotografia artística? Qual a diferença entre a foto jornalística e a foto artística?
Após essas questões, comente a história da fotografia. Se possível, apresente algumas imagens sobre a exploração da câmera escura, as primeiras máquinas e alguns fotógrafos importantes, incluindo também alguns brasileiros como Sebastião Salgado, Gal Oppido e Juca Martins (estes dois últimos constam do acervo do Projeto Arte na Escola, que pode ser requisitado em São Paulo no Museu Lasar Segall). Se preferir, busque outras informações e imagens em alguns sites da Internet sobre o assunto (ver alguns endereços na referência bibliográfica). Introduza algumas reflexões dos estudiosos sobre a imagem fotográfica, relacionando-as com o pensamento dos alunos, e estabeleça algumas relações entre a fotografia e a pintura, destacando a influência da fotografia em algumas correntes artísticas. Complementando a análise, reflita sobre a fotografia e os recursos técnicos, enfocando os principais elementos da linguagem fotográfica. Faça também uma distinção entre a fotografia de autor ou artística, o fotojornalismo e a fotografia documental. Para uma análise avaliativa sobre o assunto, retome a leitura da obra de Esko Männikkö, explorando alguns termos específicos da linguagem fotográfica: o que faz a obra de Esko Männikkö ser diferente de uma foto jornalística ou documental? As fotos de Männikkö apresentam a realidade? De que maneira? Qual o plano ou enquadramento escolhido por Männikkö em suas fotos? Quais as cores registradas? Há o registro de texturas? Como a composição foi explorada? Há equilíbrio?
Sugerimos que o professor, se possível, marque uma visita guiada a algum laboratório fotográfico e/ou convide algum fotógrafo, fotojornalista ou fotógrafo documental para visitar a escola, para que os alunos possam compreender in loco os passos e as relações profissionais da fotografia. Do mesmo modo, uma visita à exposição de fotografias em museu ou galeria especializada ajudará os alunos a entenderem as particularidades da fotografia artística.

 

2. História da fotografia
Por volta de 1554, Leonardo da Vinci descobriu o princìpio da cémera escura: a luz refletida por um objeto projeta sua imagem no interior de uma cémera escura a partir de um orifìcio para a entrada da luz. Baseados nesses princìpios, os artistas simplificaram o trabalho de copiar objetos e cenas, entrando dentro de cémeras para apreciar e apropriar-se da imagem refletida em uma tela ou um pergaminho preso na parede oposta ao orifìcio da caixa. Posteriormente, J.B. Porta, um sžbio napolitano, ao introduzir uma lente convergente no orifìcio da caixa, obteve maior nitidez. Em 1816, o fìsico Neph°re Niêpce lançou os princìpios da chapa fotogržfica Ç base de cloreto de prata, sendo o primeiro passo para a descoberta de novos processos quìmicos e de novas lentes. Em 1860, surgem os primeiros estödios fotogržficos, mas o ato fotogržfico ainda ë lento e artesanal. Depois, surgem os fot�grafos ambulantes, considerados os primeiros divulgadores da nova arte. Em 1867, o fìsico francès Louis Ducos anuncia a descoberta do foto colorida. Ap�s essas descobertas, a fotografia começou a popularizar-se e o filme passou a ser embalado em rolos.

 

3. A fotografia e a pintura
A pintura e a fotografia sâo duas linguagens distintas, mas que andam juntas e se influenciam mutuamente. Desde sua criaçâo, nos meados do sëculo XIX, a fotografia tem sido influenciada pela pintura, pois os primeiros fot�grafos eram tambëm pintores e transmitiam para suas fotos o gosto pict�rico reinante. A influència da fotografia foi marcante principalmente nos movimentos de vanguarda do sëculo XX. O Futurismo, por exemplo, tem estreita relaçâo com as imagens fotogržficas e com a sucessâo de formas e linhas que buscam a expressâo do movimento. No Cubismo sintëtico, Picasso e Braque integraram Ç pintura algumas imagens (figuras e principalmente letras) tiradas de fotos de jornais e revistas. Andy Warhol, artista norte-americano e um dos principais representantes da arte pop, reproduzia vžrias vezes e coloria as imagens dos meios de comunicaçâo de massa, retratando a sociedade de consumo.

Cubismo sintëtico: fase do movimento cubista, que abrangeu o perìodo de 1911 a 1916, em que Picasso e Braque passaram a explorar a materialidade dos objetos, sugerindo texturas e superfìcies na tela que nos remetem a elementos como terra, areia, madeira.
 

4. Elementos da linguagem fotográfica
Os principais elementos da linguagem fotogržfica sâo: 1) os planos: ë o enquadramento promovido pelo distanciamento da cémera em relaçâo ao objeto. Sâo varižveis e definidos muito mais pelo equilìbrio dos elementos do quadro do que por medidas formais exatas. Sâo divididos em: Grandes Planos Gerais (GPG), Planos Gerais (PG), Planos Mëdios (PM), Primeiro Plano (PP) e Plano de Detalhe (PD); 2) foco: refere-se Ç nitidez. Pode ser: diferencial, desfoque, profundidade de campo; 3) movimento: sâo os efeitos tëcnicos e a posiçâo e disposiçâo dos objetos fotografados; 4) forma: abrange a organizaçâo dos objetos no espaço; 5) éngulo: resultado da posiçâo da mžquina; 6) cor: sâo os cinzas e as demais cores; 7) textura: impressâo visual que sugere a idëia de substéncia, densidade e tato; 8) iluminaçâo: sombras, luzes; 9) aberraç§es ou deformaç§es: efeitos provocados por reaç§es �pticas ou quìmicas; 10) perspectiva: ilusâo tridimensional provocada pela organizaçâo das linhas numa superfìcie bidimensional; 11) composiçâo: refere-se Ç disposiçâo visual dos elementos; 12) equilìbrio: ë a interaçâo balanceada dos componentes visuais.

Diferencial: quando diferenciamos um elemento da fotografia sobre os demais, selecionando-o como ponto de maior nitidez dentro do quadro.
Profundidade de campo: diferença entre os pontos pr�ximos e distantes presente num foco aceitadamente nìtido na fotografia. A profundidade de campo varia com a abertura da lente, com a disténcia focal e com a disténcia entre a cémera e o objeto.
 

Contextualizando a obra de Esko Männikkö

Propicie a discussão com os alunos sobre o contexto social, geográfico e cultural da obra de Esko Männikkö; com o auxílio de uma mapa do continente europeu, procure situar a Finlândia.
O menino escorado na parede, com suas diversas cores e vários materiais, já desgastados pela ação do tempo, se deixa retratar pelo fotógrafo em suas roupas do dia-a-dia: calção do time do Palmeiras (seu time do coração?) e uma camiseta. A roupa do garoto, utopicamente, revela um mundo de sonho e fantasia, inacessível e distante do qual ele próprio vive. Seu olhar inquiridor, atento à lente e ao fotógrafo, atravessa a superfície da própria fotografia, retornando para a realidade em que vivemos.
Realidades de vida e de arte estão presentes na obra do finlandês Esko Männikkö. Ele tornou-se conhecido como o fotógrafo do Norte Nórdico que retrata os indivíduos em suas pequenas casas em locais remotos e distantes envoltos na natureza, sob uma luz que reconhece a escuridão e uma rica escala de tons que ressalta esse cenário de vida.
Esko Männikkö mostrará em São Paulo uma série de panoramas de 2 a 5 metros de diâmetro cada, suspensos a partir do teto. Panoramas fotográficos que incluem fotos feitas na Finlândia, no Texas, na Alemanha e no Brasil. Em São Paulo, foi atraído mais profundamente pelas pessoas, que retratou em suas fotos, que pela paisagem da cidade.

As múltiplas possibilidades de representação: análise da obra de Seydou Keita e de Esko Männikkö

A linguagem fotográfica, especialmente a autoral, permite múltiplas possibilidades de representação. O conceito de representação permite a distinção entre a arte e a realidade. Mostre aos alunos que a arte - mesmo quando tenta copiar a realidade - é produto de escolhas e de construção formal emanadas de um determinado contexto social, ou seja, a arte, na verdade, cria outra realidade, fruto dos valores estéticos e artísticos de determinada época. Para exemplificar a distinção entre a representação e a realidade, faça uma análise iconográfica. Escolha, por exemplo, a figura humana como tema das artes plásticas e monte um painel colocando as obras de diversos períodos e correntes artísticas. Em seguida, peça para os alunos identificarem as diferentes formas de representar as pessoas. A comparação visual permitirá a eles compreenderem concretamente a distinção entre o "real" e a "representação do real".
Depois dessa reflexão, procure identificar algumas semelhanças e diferenças entre a obra fotográfica de Esko Männikkö e de Seydou Keita. Essa análise ratificará, de forma específica, que há diferentes possibilidades de representação em função dos diferentes contextos sociais. Algumas semelhanças podem ser detectadas: a) ambos optam pelo plano geral e pela profundidade de campo, integrando a figura humana com o ambiente; b) há uma preocupação nítida em estabelecer relações compositivas entre a figura e o fundo: os motivos estampados, as formas e as cores das roupas servem de referência para a escolha do fundo das obras; c) as pessoas são representadas sérias; d) a posição das figuras integra-se à organização da composição; e) há uma opção pelas classes sociais, embora sejam distintas; f) há ainda a preocupação em relacionar os contrastes entre o claro e o escuro e as cores harmoniosamente.
As principais distinções são: a) Keita realça a beleza da mulher africana, acentuando as jóias e a maquiagem e ressaltando o sentido de modernidade, enfatizando os sapatos e sandálias, as bolsas de mãos e os objetos eletrônicos. Männikkö, por sua vez, destaca a figura masculina e a simplicidade das vestimentas; b) ambos preocupam-se com a classe social; entretanto, Keita retrata as pessoas pertencentes à classe social economicamente privilegiada e vinculadas ao Islamismo. Männikkö retrata as pessoas de uma classe social marginalizada; c) Keita opta pelas fotos em preto-e-branco, explorando as várias tonalidades, enquanto Männikkö prefere as fotos coloridas e explora as cores análogas e complementares; d) O moderno e o tradicional são justapostos na obra de Keita, enquanto Männikkö realça apenas as relações temáticas, formais e colorísticas; e) Keita é influenciado pelos valores culturais de Bamako, capital de Mali, país africano, enquanto Männikkö busca relacionar-se com o contexto de outros países, no caso o Brasil; f) Keita é um fotógrafo de estúdio. Männikkö fotografa ao ar livre.

 

5. A linguagem fotográfica
Barthes: "Com a fotografia, a imagem captada pelo olhar pode ser eternizada e o acontecimento ressuscitado. A fotografia permite, ainda, o resgate do instanténeo acontecido e a reproduçâo infinita de determinado acontecimento, ou seja, ela repete mecanicamente o que nunca mais poderž repetir-se existencialmente". Berger: "A fotografia nâo s� representa a realidade, como tambëm a cria e, finalmente, ë capaz de distorcer nossa imagem do mundo representado". Santaella: "Sem deixar de estar submetida Ç aderència tirénica do referente, o real que nela se cola, a fotografia ë tambëm capaz de transfigurž-lo. Ela ë registro, traço, porëm, ao mesmo tempo, ë capaz de mostrar a realidade como jamais havia sido vista antes. Fotografia ë vestìgio, mas tambëm revelaçâo. E esse poder revelat�rio estž jž inscrito de tal forma na pr�pria natureza da imagem fotogržfica que basta o flagrante da cémera para que as coisas adquiram um caržter singular, o aspecto diferente que as coisas tèm quando fotografadas".

 

6. A arte e a realidade
Santaella: "A imagem fotográfica reproduz a realidade por (aparente) semelhança, ao mesmo tempo que tem uma relação causal com a realidade devido às leis da óptica".
Barthes: "A foto, ao contrário da pintura, remete não somente a um objeto 'possivelmente real', mas também a um objeto 'necessariamente real', e não se pode negar que o 'objeto exista'. A foto é uma 'emanação do referente' e testemunha um 'aconteceu assim'".
Lindekens: "A imagem fotográfica é uma mensagem multicodificada. Ao lado da verdadeira informação icônico-fotográfica, a foto transmite outras mensagens que já apresentam suas próprias codificações 'biosociais', 'psicosociais', simbólicas, retóricas ou lingüísticas no nível da realidade apresentada (da analogia referencial), assim como da verbalização da imagem independente da fotografia".
Frederico Morais: "... A fotografia atende nossa necessidade de realismo, de nos envolvermos visceralmente com o real, ou quem sabe, apenas atende a nossa má consciência social".

 

7. Männikkö
Tornou-se conhecido como o fot�grafo do Norte N�rdico por causa das suas fotos que registram os indivìduos em suas casas, em locais remotos e em meio Ç natureza enevoada. Männikk• explora em suas obras as cores, as texturas, as relaç§es formais e o contraste entre luz e sombra. A figura humana estž presente em algumas obras dividindo, integrando ou contrapondo-se Ç cena. Hž, de alguma forma, uma relaçâo de complementaridade ou similaridade do que estž representado em primeiro plano com o que estž no fundo ou em segundo plano. Essa relaçâo de complementaridade ou semelhança faz o espectador perceber que o artista optou por um critërio sutilmente selecionado e esteticamente articulado.

 

Encaminhamento para o fazer artístico

Propor aos alunos que construam, individualmente ou em grupos, alguns trabalhos a partir dos seguintes encaminhamentos:
1a proposta: usando máquina fotográfica (que pode ser única, no caso de poucos recursos), cada aluno ou um dos alunos de cada grupo deve fotografar pessoas da comunidade, buscando relacionar a estampa ou a forma das roupas com o que está no segundo plano, estabelecendo alguma relação estética e artística. Caso não seja possível conseguir uma máquina fotográfica, peça aos alunos que tragam de casa imagens fotográficas de revistas e jornais ou cópias de fotografias. Sobre uma folha, o aluno deve compor um cenário para essas fotos, utilizando-se da técnica mista;
2a proposta: empregando a técnica mista, faça uma releitura apropriando-se, de forma crítica, das figuras representadas por Männikkö e por Keita;
3a proposta: crie uma instalação ou uma performance que estabeleça alguma relação entre figura e fundo. Após a execução das atividades, solicite aos alunos que reflitam sobre o que foi produzido. Esse processo de produção/reflexão subsidiará a avaliação e a compreensão dos alunos, principalmente sobre a obra de Männikkö e de Keita.

 

8. Fotografar
Os recursos tëcnicos elementares da fotografia sâo os filmes e a cémera. A chapa do filme grava a imagem de uma realidade exterior, obtida mediante os controles que a mžquina possibilita. O processo fotogržfico capta uma realidade tridimensional e a transforma em uma realidade virtual e bidimensional. As lentes ou objetivas tèm determinadas disténcias focais que modificam essas realidades de diferentes formas. A janela da cémera tem um formato determinado. Ao fotografar, a cémera jž realiza certas transformaç§es do real, convertendo-o numa imagem de dimens§es determinadas e circunscritas a um certo nömero de limitaç§es. Sâo estas "limitaç§es", estabelecidas pelas pessoas que criam as cémeras de acordo com o desejo da maioria dos fot�grafos, que vâo fornecer as bases para a elaboraçâo criativa da linguagem fotogržfica.

 

Sugestões de continuidade

A análise da obra de Esko Männikkö propicia um trabalho interdisciplinar envolvendo, principalmente, a área de Geografia. Combine com o professor de Geografia para estudar mais detalhadamente os aspectos econômicos, geográficos e políticos da Finlândia, país europeu, e de Mali, país africano. Procure encaminhar suas aulas, na medida do possível, em parceria com os demais professores. Pode-se explorar ainda a representação da figura humana nas artes gráficas (propaganda, charges etc.).

 

9. Finlândia
Esko Männikk• nasceu em 1959, em Oulu, cidade da Finléndia, onde vive e trabalha. A Finléndia - cuja capital ë Helsinque - ë uma repöblica independente, onde o presidente da Repöblica ë o chefe de Estado, mas o poder polìtico ë exercido pelo Parlamento. A bandeira finlandesa tem duas cores: o branco e o azul. O branco simboliza a neve; o azul, os lagos e o cëu. A populaçâo finlandesa totaliza 5,12 milh§es de habitantes, incluindo-se a etnia indìgena, denominada de lap§es ou sames, e os ciganos. Ï conhecida como o paìs das florestas, marcada pela presença de lagos e ilhas. Integrante do paìses desenvolvidos e da Uniâo Europëia, tem um fluxo informacional muito grande. Lž existem 228 jornais publicados, uma grande profusâo de telefonia celular e um amplo acesso Ç Internet. Todas as crianças freqÆentam as escolas obrigatoriamente dos sete aos dezesseis anos, inexistindo pessoas analfabetas. Mais de um quarto do territ�rio finlandès fica ao norte do cìrculo polar. A fronteira finlandesa ë delimitada, Ç oeste, pela Suëcia; ao norte, pela Noruega; a Rössia, ao leste, e ao sul, pela Est–nia. Sua superfìcie ë de 338.145 quil–metros quadrados. As lìnguas oficiais do paìs sâo o finlandès e o sueco.


Glossžrio

Arte pop: movimento artístico que usa elementos visuais criados pela tecnologia industrial. Aboliu a fronteira entre arte culta e os ícones de comunicação e consumo de massa ao explorar as imagens que, até o início dos anos 60, não eram consideradas dignas da "grande arte".

Artes visuais: as artes visuais compreendem aquelas formas artísticas que se manifestam pelas imagens e são percebidas pela visão. As artes visuais abrangem três subáreas: artes plásticas, artes gráficas e meios eletrônicos.

Desfoque: é a falta de foco.

Fotografia de autor ou artística: fotografia concebida a partir do universo pessoal do autor, em geral mais subjetiva, que discute as características da linguagem fotográfica, suas especificidades estéticas e artísticas.

Fotografia documental: fotografia comercial que se preocupa com a documentação e com o registro de eventos sociais e pessoais.

Fotojornalismo: fotografia inserida no contexto jornalístico. Tem características descritivas, baseando-se na narrativa de fatos e acontecimentos, podendo servir de ilustração ou complemento ao texto ou ainda de base de uma matéria.

Futurismo: movimento artístico e literário que se expandiu, no começo do século XX, principalmente na Itália e na França. Cultuava a máquina e a velocidade, rejeitando a arte do passado e reivindicando a destruição dos museus. Representava figuras e objetos em movimento.

Grande Plano Geral (GPG): é o enquadramento em que o ambiente é o elemento primordial e o elemento humano é apenas um elemento na paisagem. Reforça a importância da localização geográfica do sujeito, aludindo ao envolvimento ou domínio do sujeito pelo ambiente.

Iconográfica: relativo à iconografia, que é a representação por meio de imagens/ícones. Refere-se à descrição e classificação das imagens. Trata do tema ou mensagem das obras de arte.

Instalação: gênero de obra de arte que explora uma idéia ou um conceito por intermédio da utilização de diversos suportes, meios e linguagens diferentes, compondo um ambiente que pode ser percorrido pelo espectador e explorado em vários sentidos.

  Performance: gênero artístico que explora teatralmente o corpo como suporte da obra de arte, consistindo numa ação cuidadosamente planejada, que atrai a atenção para o artista e os materiais que ele utiliza para chocar o público.

Plano de Detalhe (PD): é o enquadramento que isola uma parte do sujeito. Propicia visão ampliada de um detalhe que, geralmente, não percebemos com minúcia. Pode chegar a criar formas quase abstratas.

Plano Geral (PG): é o enquadramento em que o ambiente ocupa uma menor parte do quadro, dividindo o espaço com o sujeito. Situa a ação e o homem no ambiente em que ocorre a ação. O PG é necessário para localizar o espaço da ação.

Plano Médio (PM): é o enquadramento em que o sujeito preenche o quadro - os pés sobre a linha inferior, a cabeça encostando na superior do quadro, até o enquadramento cuja linha inferior corte o sujeito na cintura.

Primeiro Plano (PP): é o enquadramento do sujeito destacando seu semblante. Preocupa-se com a emoção da fisionomia.

Releitura: atividade que consiste em criar uma composição, tendo como referência explícita ou implícita outro trabalho já produzido anteriormente.

Representação: capacidade de evocar mediante um signo ou uma imagem simbólica o objeto ausente ou a ação ainda não consumada (Piaget). No caso das artes, contempla as várias possibilidades de exploração das formas, das cores e dos temas.

Bibliografia

BARTHES, Roland. "A câmara clara". Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1984.
BERGER, Arthur Asa. "Signs in contemporary culture". New York: Longman, 1984.
LINDENKENS, René. "Éléments pour une sémiotique de la photographie". Paris: Didier, 1971.
MORAIS, Frederico. "Arte é o que eu e você chamamos arte: 801 definições sobre arte e o sistema de arte". Rio de Janeiro: Record, 1998.
PIAGET, Jean. "O nascimento da inteligência na criança". Rio de Janeiro: Zahar, 1982.