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1.
Antropofagia e canibalismo na XXIV Bienal
O conceito de antropofagia foi proposto pela curadoria porque,
"alëm de sua dimensâo hist�rica, como momento de busca por emancipaçâo
e atualizaçâo da arte moderna brasileira, assume um papel de metžfora
nos processos de construçâo de identidades subjetivas culturais".
A obra de arte apresenta nìveis de relaç§es antropofžgicas que atuam
no artista, no contexto cultural, hist�rico e artìstico, na diversidade
de leituras que se prop§e a devorar e na possibilidade de
transformaçâo do espectador pela experiència com a obra de arte.
O canibalismo ë metžfora e, "como pržtica simb�lica, compreende
que somos formados a partir do outro, algo que estž na base da antropofagia
como conceito dinémico incidente em diversos campos da cultura,
ontem e hoje. A antropofagia ë exercìcio de identidade". Subentende-se
a necessidade de nos alimentarmos de outras culturas para nossa
transformaçâo cultural. No campo das idëias, antropofagia e canibalismo
sâo metžforas que aludem Çs origens, instigam retorno, ida para
dentro, tendo por motivo o encontro e confronto de diferentes perspectivas
culturais.
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Metáfora:
relaçâo de semelhança subentendida entre o sentido pr�prio e o figurado. |
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Leituras:
uma leitura crìtica se processa pelo reconhecimento da relaçâo da
obra com a ëpoca de seu aparecimento e pela compreensâo da capacidade
da obra de subverter a percepçâo usual, retomando o horizonte do leitor
para depois contrariž-lo, gerando estranhamento ou reforçando as impress§es
que se tem do mundo. |
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Como?
(Quando? Onde?)
Tomando contato com as obras
O processo de apreciação
artística inicia-se quando a obra desperta no espectador indagações
e associações que levam os indivíduos a querer saber
mais sobre ela e ampliar seu horizonte de experiência. O professor
é responsável por provocar esse processo, estimulando sua
capacidade de apreciação do aluno, por exemplo, por meio
de questionamentos que conduzam a uma leitura crítica.
"Índia Tarairiu"
Diante da obra "Índia
Tarairiu", de Eckhout, o professor, após situar o artista
em relação ao universo retratado, pode orientar o percurso
educativo do aprendiz com as seguintes interrogações:
O que se vê nesse
quadro?
Quem é a figura
central da obra? Como ela está representada?
Em que espaço
essa figura está inserida? Como ele está
representado?
Considerando a tendência
à idealização do índio2
pelo europeu (o que, de resto, é revelado na literatura romântica,
como é o caso de "O Guarani" ou "Iracema",
de José de Alencar), o que se pode concluir a respeito de a "Índia
Tarairiu"?
Essa conclusão
se reforça à consideração de outras obras
de Eckhout? (Remeter os alunos à observação das demais
figuras humanas e das naturezas-mortas.)
Este percurso tem
como finalidade levar o estudante a perceber que Eckhout introduz novos
parâmetros de visualidade do contexto brasileiro. "Não
se trata mais da imagem difusa, configurada pela atividade da imaginação,
nem da adivinhação dos sinais da escrita divina na natureza"
(Ana Maria Belluzzo). Diferentemente da tradição portuguesa,
os artistas holandeses estabelecem com a natureza uma relação
regida por regras de observação puramente física
ou científica. O professor deve propor questões (e eventualmente
valer-se de comparações com os personagens míticos
da literatura de José de Alencar, como Peri e Iracema) que favoreçam
o aluno a formular essa "descoberta", o que aumenta sua familiaridade
com as obras.
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2.
Idealização do Índio
Segundo
Paulo Herkenhoff, "desde 1492, o ìndio foi desenhado pelo Ocidente
como uma alteridade, ora monstruosa, ora edènica. Na cultura brasileira
do sëculo XX, o ìndio serž construìdo, distante do falseamento do
Romantismo do sëculo XIX, numa dimensâo, nâo do outro, mas de um
si mesmo brasileiro, para uma sociedade cultural, na superaçâo de
seu passado colonial. Se, na pintura brasileira do sëculo XIX, o
ìndio idealizado (pelos pintores Victor Meireles, Rodolfo Amoedo
e outros) perdia suas caracterìsticas ëtnicas, em nosso sëculo a
cultura buscaria superar essas posiç§es etnocèntricas anteriores.
Um gravador expressionista, Oswaldo Goeldi, (...) evitando uma relaçâo
com a tendència polemicamente denominada 'primitivismo', que marcou
o Modernismo na Europa, (...) evitou esse primitivismo: por nâo
se considerar um selvagem, entendia que nâo seria genuìno (...)
justamente por compreender que o ìndio ë dotado de uma cultura pr�pria
(...) caberia lembrar. (...) A obra de Cildo Meireles adotarž um
espìrito combativo de dar voz ao gueto e revelar a poëtica da visâo
cosmog–nica dos ìndios. (...) A fotografia de Claudia Andujar (...)
inscreve-se nessa tradiçâo mais combativa da cultura brasileira".
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"Abaporu"
Concluída
a primeira leitura, o professor deve propor um percurso semelhante com a
obra "Abaporu"3, de Tarsila do Amaral.
O que se vê nesse
quadro?
Quem é a figura
central da obra? Como ela está representada?
Em que espaço
essa figura está inserida? Como ele é representado?
Considerando a leitura
modernista que se faz do índio brasileiro (o que também se
pode verificar na literatura, por exemplo, em "Cobra Norato",
de Raul Bopp), o que se pode concluir a respeito de "Abaporu"?
Essa conclusão
se reforça à consideração das outras obras de
Tarsila? (Ampliar a experiência do aluno por meio da leitura de "Antropofagia",
de 1929, e "A negra", de 1923.)
A leitura desta obra
modernista visa conduzir o estudante à percepção de
um olhar diferenciado abordando o mesmo tema que atraiu os pintores de
Nassau4, de formação acadêmica.
Tarsila reportando agora a um novo modo de compreensão da figura
do outro, o que coincide com uma opção radical pela identidade
brasileira. |
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3.
"Abaporu"
"Como
ë que eu fiz isso?" Pergunta-se Tarsila, referindo-se ao
"Abaporu". Talvez como fruto de lembranças psìquicas da inféncia,
quando os empregados contavam hist�rias de assombraçâo, ou de pesadelos
jž esquecidos mas que ficaram gravados no subconsciente. A verdade
ë que esse monstro de pës imensos e cabeça minöscula, colocado num
cenžrio que representa uma planìcie onde s� aparece o sol e uma
espëcie de cacto de cores vibrantes, sugeriu a Oswald de Andrade
a figura do homem nativo, do selvagem, do antrop�fago, daì o nome
que recebeu: "aba", homem; "poru", que come; abaporu, o que come
carne humana, o antrop�fago. (O "Abaporu" estž estudado em outro
Material de Apoio, cujo conhecimento poderž provocar o questionamento
de outros aspectos nâo explorados nessa aproximaçâo com a arte acadèmica).
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Tarsila
do Amaral:
(Capivari, SP, 1890 - Sâo Paulo, SP, 1973): filha de ricos fazendeiros,
iniciou seus estudos de pintura em 1920 sob orientaçâo acadèmica.
Estudou na Europa com artistas de vanguarda e, ao voltar ao Brasil,
produziu trabalhos que balizaram as duas fases do Modernismo brasileiro:
Pau-brasil e Antropofagia. |
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4.
Pintores de Nassau
Embora
nâo fosse comum a presença de artistas nas primeiras expediç§es
enviadas Ç Amërica, Joâo Maurìcio de Nassau afirmou, em carta
Ç Luiz XIV, em 1678, ter a sua disposiçâo seis pintores no Brasil,
entre os quais Frans Post e Albert Eckhout. Holandeses, flamengos,
alemâes, os chamados pintores de Nassau, por nâo serem cat�licos,
puderam mais facilmente dedicar-se a temas profanos, o que nâo era
permitido aos portugueses. Em conseqÆència disso, foram os primeiros
artistas no Brasil e na Amërica a abordar a paisagem, os tipos ëtnicos,
a fauna e a flora como temžtica de suas produç§es artìsticas, livres
dos preconceitos e das superstiç§es que era de praxe se encontrar
nas representaç§es pict�ricas que apresentavam temas americanos.
Segundo Miguel Rojas Mix, "em 1637, Maurìcio de Nassau, governador
e representante da Companhia Holandesa das Índias Ocidentais, instalou-se
em Pernambuco. Em seu sëquito estavam Frans Post e Albert
Eckhout, dois artistas que tinham por missâo retratar tudo o que
estava vivo, se movia ou respirava. Durante a estada no Brasil,
reproduziram fielmente a realidade. Mas, ao retornarem Ç Europa,
os compradores nâo acharam seus quadros nem muito ex�ticos, nem
suficientemente decorativos. Para atender ao gosto da ëpoca, viram-se
obrigados a inventar um Brasil com vegetaçâo confusa e animais extravagantes.
Tal foi a imagem 'barroca' da Amërica. (...) O barroco confundia,
em um mesmo exotismo, tudo que nâo era europeu".
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João
Maurício de Nassau-Siegen
(Dillenburg, Alemanha, 1604 - Kleve, Alemanha 1679):ligado pelo lado materno Ç casa real da Dinamarca, atingiu o posto de coronel aos 25 anos. Nomeado para governador das possess§es holandesas no Brasil por indicaçâo do prìncipe Frederico Henrique de Orange, sempre demonstrou grande interesse pela ciència, arte e cultura. Nassau permance em terras brasileiras de 1636 a 1644. |
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Frans Janszoon
Post (Haarlen, HOlanda 1612 - 1680): foi pintor, desenhista e gravador. Tinha 24 anos quando chegou ao Brasil, contratado por Nassau, permancendo atë 1644. Sua principal tarefa nas novas terrras foi documentar edifìcios, portos e fortificaç§es. Destcou-se entre os pintores de Nassau: ë considerado o primeiro paisagista a trabalhar nas Amëricas. |
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Comparação
O professor propõe formalmente a comparação, utilizando-se
das seguintes perguntas:
Há alguma
semelhança temática entre as obras?
Que relações
se pode estabelecer entre o momento histórico em que cada quadro
foi pintado e as imagens produzidas?
Ao mesmo tempo
que tal comparação amplia a experiência do aluno,
ela exercita um princípio importante de mediação
entre a realidade e a representação artística,
situando as obras na sucessão histórica e levando em conta
o contexto que as propiciou pela análise dos pontos de contato
e de ruptura de dois momentos que, na XXIV Bienal, estão sendo
apresentados como possibilidades de leitura antropofágica do
canibalismo.
Com o auxílio
das informações apresentadas pelo professor neste percurso
educativo, os alunos começam a entender e decifrar os significados
presentes nas obras, enfatizando o ponto de vista do artista que, de
acordo com seu contexto, coloca-se ora como quem transforma o outro
a partir de seus valores, ora como quem consome o outro, tirando proveito
da aproximação de diferenças.
As dúvidas
levantadas pelos alunos devem ser retomadas pelo professor, e podem
gerar pontos comuns a serem pesquisados e avaliados durante todo o percurso.
O professor tem
a função de mediador desse diálogo, estimulando
os alunos a expressarem suas percepções e compartilharem
suas inquietações e seus comentários com os colegas.
Investigando aspectos formais: acadêmico x moderno
Justapondo as duas
imagens, o professor também pode orientar a comparação
entre Eckhout e Tarsila por seus conteúdos temáticos e
aspectos formais, explorando principalmente as diferenças que
dizem respeito à forma e à cor.
Voltando a observar
"Índia Tarairiu"5, estimular os alunos
a responder:
Como Eckhout6
constrói a forma? Como usa a cor?
Há semelhanças
entre o tratamento da forma em "Índia Tarairiu" e outras
obras do artista?
O que esse tratamento
da cor e da forma tem em comum com a tendência naturalista de
observação, típica da leitura que os artistas holandeses
fizeram da realidade brasileira?
Em
seguida, observar "Abaporu" e retomar o mesmo roteiro de investigação:
Como Tarsila constrói
a forma? Como usa a cor?
Há semelhanças
entre o tratamento da forma em "Abaporu" e outras obras da
artista?
O que esse tratamento
da cor e da forma tem em comum com a tendência
modernista de observação?
Comparando "Índia
Tarairiu" e "Abaporu", quais os pontos de contato e de
afastamento?
Essa investigação
permite introduzir a discussão sobre formas de representação
da realidade e informar sobre aspectos formais que diferenciam o moderno
do acadêmico, abrindo perspectiva para a consideração
da antropofagia e de suas variações possíveis.
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5.
"Índia Tarairiu"
Esta
obra de Eckhout ë geralmente publicada sob o tìtulo de "Índia Tapuia".
Os tarairius, uma das vžrias tribos que integravam os tapuios, eram
especificamente apontados como canibais. O texto de Berta Ribeiro
explica quem sâo os tapuias: "Foi sempre devastador o modelo de
exploraçâo efetivado pelo branco na Amaz–nia. O primeiro modelo
foi o sistema de sesmarias, instituìdo em 1627. Seguiu-se o de capitanias
hereditžrias. A base econ–mica era a coleta de produtos nativos,
as chamadas 'drogas do sertâo' (cacau, salsaparrilha, urucu, cravo,
canela, anil, sementes, raìzes aromžticas, puxuri e baunilha), bem
como a fabricaçâo de farinha, tanto de mandioca quanto de peixe
(piracuì). Alëm das atividades extrativistas, implantam-se no Maranhâo
e no Grâo-Parž engenhos de açöcar para o abastecimento local e para
exportaçâo. A essas atividades entregavam-se, alëm das autoridades
coloniais, as miss§es religiosas, usando mâo-de-obra indìgena e
de tapuios - ìndios genëricos, destribalizados da Amaz–nia. Deveu-se
aos tapuios a revolta nativista conhecida como Cabanagem (dos que
viviam em cabanas) e que durou de 1834 a 1839. Sua principal reivindicaçâo
era a libertaçâo da Amaz–nia da opressâo branca, constituìda, na
ëpoca, de nâo mais do que mil pessoas. Os cabanos tomaram Belëm,
Vila da Barra (Manaus) e os principais rios amaz–nicos. Dominada
a Cabanagem, inicia-se, em 1840, a exploraçâo da seringa. Essa resina
elžstica era conhecida e usada pelos ìndios para todo tipo de impermeabilizaçâo".
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6.
Eckhout
A
XXIV Bienal de Sâo Paulo pontua a Hist�ria da Arte ocidental por
meio de obras dos sëculos XVI, XVII e XVIII com "o objetivo de aproximar
significados de hist�rias de canibalismos e procedimentos antropofžgicos
engendrados em relaç§es interculturais", segundo Ana Maria Belluzzo,
curadora de Eckhout neste evento. A representaçâo da figura humana
indìgena na concepçâo europëia dos sëculos XVI e XVII "incorpora
a terra americana, guardando-se uma correlaçâo entre corpo e territ�rio,
que se referem ao mundo entâo conhecido". A "Índia Tarairiu" integra
a sërie de oito personagens que Eckhout produziu como alegoria
aos quatro continentes entâo conhecidos (as quatro figuras femininas
desses "casais" estâo sendo apresentadas nesta Bienal), e mostra
a influència das concepç§es aleg�ricas em uso na ëpoca. "Alëm de
rigorosa observaçâo etnogržfica, os quadros exibem riqueza e exuberéncia
de pormenores boténicos e zool�gicos, como atributos dos personagens."
A alusâo ao canibalismo ë feita por meio da imagem de um pë humano
que estž posto na sacola que a ìndia carrega nas costas e na mâo
que segura com sua mâo direita, como se fosse um objeto qualquer.
Observa-se que a coloraçâo desses membros mortos contrastam com
a cor viva do corpo da ìndia.
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Albert
Eckhout
(Groninger, Holanda, 1610 - 1666): veio para o Brasil em 1637 e permaneceu
atë 1644, como pintor contratado por Maurìcio de Nassau. Aqui realiza
grande parte de sua obra; nela se destacam doze naturezas-mortas com
frutas e legumes tropicais, oito representaç§es dos tipos humanas
que habitavam o paìs e o quadro "A dança dos tapuia". |
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Propostas
de criação
Como experiência prática, o professor pode propor aos alunos
exercícios, individuais ou em grupo, que contemplem as questões
relativas à oposição acadêmico x moderno,
salientando as diferenças fundamentais entre as duas linguagens.
Proposta individual
Recortar figuras humanas contemporâneas de jornais, revistas etc.
e inserir, na imagem escolhida, elementos extraídos da pintura
de Eckhout, a "Índia Tarairiu". Para tanto, os alunos
podem trabalhar com cópias ampliadas, em preto-e-branco ou colorida,
da obra, recortar os elementos escolhidos e, num processo de recorte
e colagem, montar (criar) uma nova imagem, inserindo a questão
da deformação.
Proposta em grupo
Dividir os alunos em dois grandes grupos. O primeiro grupo faz cópia
de uma reprodução do "Abaporu" e corta a imagem
em pedaços. Cada aluno recebe uma parte e, a partir dessa forma,
recria seu "Abaporu". Nessa proposta, os alunos podem utilizar
carvão, crayon ou nanquim, para trabalho sem cor, ou pastel e
giz de cera, para inserir cor.
O segundo grupo
copia uma reprodução da "Índia Tarairiu",
corta a imagem em pedaços e cada aluno recebe um pedaço,
a partir do qual vai recriar sua índia. O material usado pode
ser o mesmo.
Os trabalhos devem
ser expostos e os alunos podem registrar sua experiência por escrito,
com base na qual o professor avaliará como foram incorporados
os conhecimentos e conceitos relativos a Eckhout, sobre o período
Nassau, canibalismo e antropofagia, Tarsila e o Modernismo brasileiro7,
verificando como os alunos relacionam as questões levantadas,
os textos e os conceitos estudados.
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Glossžrio
Academismo: postura artística inicialmente orientada pelos
princípios ecléticos oriundos do estudo da arte greco-romana
clássica ensinados nas academias, surgiu na Europa no século
XVI.
Antropofagia:
tomada como metáfora, refere-se à atitude estético-cultural
de "devoração" e assimilação crítica
dos valores transplantados ao Brasil pela colonização, além
de realçar valores interculturais.
Expressionismo:
termo utilizado para descrever obras de arte em que a representação
da realidade é distorcida de forma a expressar as emoções
ou a visão interior do artista. Na pintura, o impacto emocional
é realçado pelo uso deliberado de cores fortes e pela distorção
intencional da forma.
Identidades subjetivas
culturais: conjunto de características individuais decorrentes
da inserção cultural do indivíduo, de seu "estar
na cultura, em sociedade".
José de
Alencar (Melejana, CE, 1829 - Rio de Janeiro, RJ, 1887): escritor
romântico brasileiro. Adepto da literatura com temática indianista
e porta-voz dos ideais estéticos e literários do nacionalismo
romântico. Alguns de seus livros mais conhecidos no tema são
"O Guarani" (1857), "Iracema" (1865) e "Ubirajara"
(1874). O índio é idealizado segundo o mito do bom selvagem
de Rousseau: a pureza em contraste com o branco corrupto.
Modernismo:
surgiu no Brasil do início da década de 20, em São
Paulo, abrangendo várias manifestações artísticas
(artes plásticas, arquitetura, música, literatura). Propunha
uma produção voltada para o nacional, mas aliada às
linguagens artísticas das vanguardas européias.
Oswald de Andrade (São Paulo, SP, 1890 - 1954): escritor
brasileiro, teórico e articulador do movimento modernista e da
Semana de Arte Moderna de 22. Foi casado com Tarsila de 1926 a 1930. Seus
textos "Manifesto da poesia pau-brasil" (1924) e "Manifesto
antropófago" (1928) sintetizam o ideário poético
do Modernismo.
Raul Bopp (Tupaceretã,
RS,1899 - Porto Alegre, RS, 1984): poeta brasileiro, ligado ao grupo da
Antropofagia, sua obra mais conhecida é "Cobra Norato"
(1931). Segundo Tarsila, estava junto com ela e Oswald de Andrade quando
decidiram criar o movimento antropofágico.
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Bibliografia
"ARTE no Brasil". São Paulo: Abril Cultural, 1979. (v.
1)
BELLUZZO, Ana Maria (Org.). "O Brasil dos viajantes". São
Paulo: Museu de Arte de São Paulo/ Metalivros, 1994.
__________. Trans-posições. In: "Catálogo da XXIV
Bienal de São Paulo". (texto)
"Cadernos de história da pintura no Brasil: Pintura colonial".
São Paulo: Instituto Cultural Itaú, 1994.
GOTLIB, Nádia Battella. "Tarsila do Amaral". São
Paulo: Brasiliense, 1983.
HELENA, Lúcia. "Modernismo brasileiro e vanguarda". São
Paulo: Ática, 1986.
HERKENHOFF, Paulo. "A espessura da luz: fotografia brasileira contemporânea".
__________. "XXIV Bienal de São Paulo". (texto)
MIX, Miguel Rojas. A América Latina na pintura européia. In:
"O Correio da Unesco". Jan. 1987.
RIBEIRO, Berta G. "Os índios das águas pretas".
São Paulo: EDUSP/Cia. das Letras, 1995.
ZANINI, Walter. "História geral da arte no Brasil". São
Paulo: Instituto Walther Moreira Salles, 1983. |