Adriana Varejão
Artur Barrio
Cildo Meireles
Courtney Smith
Daniel Senise
Edgard de Souza
Ernesto Neto
Laura Lima
Leonilson
Lygia Clark
Miguel Rio Branco
Nazareth Pacheco
Rivane Neuschwander
Rosângela Rennó
Sandra Cinto
Valeska Soares
 



Um e outro



A Exposição Arte Contemporânea Brasileira: Um e/entre outro/s é dividida em dois eixos que se estendem e correm em paralelo neste segundo andar do Pavilhão da Bienal. Ainda que haja uma distinção estrutural, conceitual e arquitetônica entre os dois eixos, há vários cruzamentos entre eles (para além mesmo do que os curadores puderam apontar). A exposição não define paradigmas totalizantes e últimos para se pensar a arte brasileira como um todo, não quer precisar um panorama geral ou elenco de eleitos, mas uma entre muitas possíveis e outras organizações e recortes conceituais da produção contemporânea. A exposição inclui obras inéditas e outras já expostas; alguns artistas aparecem com um número menos de trabalhos do que outros. Todos, no entanto, foram peças fundamentais para a construção e o cruzamento das trajetórias conceituais que a curadoria procurou traçar. Esperamos que o espectador-visitante possa encontrar e descobrir suas próprias trajetórias.

Este eixo, o do "Um e outro" - mais psicanalítico, subjetivo, embora não livre de implicações sociais e políticas- inicia-se com o tema canibalístico da fusão amorosa. Na fusão amorosa, os dois amantes, apaixonados, desejam incorporar um ao outro, fundir-se, tornar-se um. O medo de perder o outro amado pode fazer com que o amante queira ingerir e deglutir o outro - daí talvez a voracidade de algumas mordidas e beijos, o desejo pelos fluidos do corpo do outro. Infelizmente, a fusão é um desejo utópico, fado a ser frustrado, não realizado - o mais próximos dela que os amantes podem chegar é a penetração.

A partir da fusão (amorosa com Daniel Senise, Leonilson, Edgard de Souza, e dos elementos, com José Resende) surge o tema dos espelhos (Cildo Meireles, Iole de Freitas, Lygia Clark, Leonilson), do duplo e da simetria (com Edgard, Leonilson, Tunga, Senise, Valeska Soares). A partir dessas, o corpo em pedaços e os pedaços do corpo (Adriana Varejão, Miguel Rio Branco, Nazareth Pacheco). A carne, a pele, a cicatriz (com Artur Barrio, Ernesto Neto, Sandra Cinto, Rosângela Rennó, Leonilson, Courtney Smith, Adriana). O s temas que se seguem são os do nascimentos, do abrigo, da invaginação, da nave-mãe (Edgar, Ernesto, Rivane Neuschwander). A todo o tempo conceitos de temas se cruzam e se entrelaçam; a arquitetura aberta e fluida quer sugerir conexões, sublinhar justaposições de obras.

Adriano Pedrosa